Foi de manhã, pouco antes de acordar.
Normalmente não lembro dos meus sonhos. Quando lembro, costumam ser esses que acontecem de manhãzinha.
Esse foi especial. Lindo. Profundo. Tomei como uma inclusão dentro do meu sistema familiar. Tive vontade de compartilhar porque sinto que é esse o processo no qual estamos mergulhados: uma grande inclusão coletiva. Estamos sendo chamados a (re)incluir muitas coisas na nossa vida: a mãe terra e todas as formas de vida que nela coexistem; o outro e tudo que ele representa pra nós; nossas dores; nosso amores; nossas reais necessidades e desejos; a reconexão com nossa forma própria e única de expressão na vida; a autorresponsabilidade sobre a condução da nossa vida.
Voltando ao sonho. Estávamos em muitos dentro de uma van. Todos da família do meu Pai. Junto com a gente havia uma menina. Muito pequena, magrinha, frágil, de cor um pouco mais escura que a nossa (somos de origem germânica). Lembro de tê-la sentada no meu colo, debaixo de vários cobertores. Estava frio e precisávamos todos nos manter aquecidos. Ela estava só de vestidinho curto, sapatinhos e meia branca, como uma boneca. Não nos conhecíamos até ali, nem ela a nós, nem nós a ela. Havíamos recém descoberto que ela existia e vice-versa. O sentimento naquele momento era de que a estávamos incluindo na família. Com ela no meu colo tratei de apresentar a todos: meu pai, que apresentei como avô dela; meu avô e minha avó, a quem apresentei como os bisos; cada um dos irmãos do meu pai, que apresentei como irmãos do vô; além de uma tia-avó. Não sentia a menina como minha filha, mas sentia que precisava muito cuidá-la e amá-la.
O lindo e emocionante do sonho foi a maneira como ela foi recebida. Estavam todos muito bem e felizes, conversando animadamente (é uma família muito falante…rsrsrs). Ela era levada de colo em colo e, de cada um deles, recebia um caloroso abraço e muitas palavras de carinho. Cada abraço parecia fazer ela sumir de tão pequenininha, mas ela retribuía a todos com um sorriso tão generoso e iluminado que quase não cabia num rostinho tão pequeno. E todo abraço ela retribuía com outro, tão cheio de amor que derretia o coração de todos ao redor. Todos a receberam com muita alegria. E ela retribui distribuindo luz e amorosidade. Foi tratada com extremo cuidado e atenção enquanto passava de colo em colo, de tão pequena e frágil que parecia. Mas a força e a grandeza que emanava eram surpreendentes. Puro acolhimento e amor.
Terminei o sonho trazendo-a de volta pra mim e recolocando ela debaixo do cobertor, para que pudesse se reaquecer. Não sei ao certo o que ou a quem resgatamos e incluímos, mas foi feito. Revivi a emoção em vários momentos da manhã. Transbordou em lágrimas de gratidão, amor, alívio, expansão, serenidade… por ela, por mim, por todos que vieram antes de mim e fazem parte desse laço de sangue.
Sinto que um elo se refez. Algo se cumpriu e um círculo se fechou. Estamos todos acolhidos, reconhecidos, amparados. Podemos seguir, cada um no seu caminhar.
Gratidão pequena linda! Você vai junto comigo, no meu coração. Te vejo, te acolho, te reconheço e te amo. Vamos juntas, daqui para a vida.
Amém!